Mais uma temporada de Malhação terá início em agosto. A
vigésima. Já perdemos as contas de quantos triângulos amorosos
assistimos, traições, vilanias, festas
nas quais acontecem as histórias mais loucas, viagens nas férias,
preconceito, traumas motivados pela separação dos pais, inveja, amizades
eternas destruídas por mal-entendidos e tantas outras tramas que, desde
1995, se repetem em nossas telinhas no horário vespertino.
A
série se chama Malhação porque, no início, se passava em uma
academia. Depois disso, o cenário principal já foi uma escola, também
existiu um shopping e uma faculdade. Nessa temporada que está para
acabar, toda a trama se concentra em um colégio, uma universidade e uma
favela. A questão é: já faz algum tempo que as mudanças de ambientação
em 'Malhação' não têm surtido tanto efeito no que diz respeito à
renovação das histórias contadas.
Malhação não perdeu nada em qualidade
de produção nesses 17 anos de existência. Muito pelo contrário, tudo
ali funciona muito bem tecnicamente. O que ficou para trás foi a emoção.
Parece que a cada ano a Rede Globo escala um novo elenco para aprender e
aperfeiçoar os seus dotes artísticos dentro da "escolinha" na qual,
literalmente, Malhação se transformou. Foi-se o tempo em que o
programa era interessante para os jovens, mas também atendia aos pais,
aos avós ou a qualquer pessoa interessada em histórias bem contadas. O
problema não é necessariamente a repetição de temas, porque isso
acontece em teledramaturgia o tempo todo, mas, devido ao desgaste
natural, as tramas acabaram se tornando rasas, maniqueístas e, por
vezes, bobas.
Depois
de amargar baixíssimos índices de audiência nos últimos meses, chegando
a 11 pontos de média, os piores da história da série, a cúpula da Globo
resolveu voltar ao passado e tentar resgatar a essência de Malhação. A
partir do dia 13 de agosto, a novelinha volta a se passar somente em um
colégio e o universo teen retorna ao foco, com intrigas, humor e
"fórmula infalível" do triângulo amoroso. Além disso, a cada 15 dias um
novo personagem surgirá para sacudir a história. Até Mocotó (André Marques), que esteve na série de 1995 a 1999, reaparecerá como orientador vocacional. Talvez esteja aí a solução.
Quem sabe assim voltem os tempos de Romão (Luigi Baricelli) e Dado (Cláudio Heinrich) na academia, de Mocotó (André Marques) e Fábio (Bruno de Lucca) na pegada interativa, de Múltipla Escolha, Professor Pasqualete (Nuno Leal Maia), Dona Vilma (Bia Montez), Guacamole, Vagabanda, da dupla Cabeção (Sérgio Hondjakoff) e Rafa (Ícaro Silva),
república dos estudantes... Tempos nos quais os personagens marcavam os
espectadores e que estar em 'Malhação' não era só uma escada para
entrar em outras produções da emissora, como podem comprovar os atores
Sérgio Hondjakoff, Ícaro Silva e o próprio André Marques, que, com seus
personagens icônicos, permaneceram durante alguns anos na série, nos
motivavam a assistí-la diariamente e marcaram as nossas memórias.
É maravilhoso revelar talentos e mostrar quantos jovens e bons atores, como Cauã Reymond, Henri Castelli, Marjorie Estiano, Nathália Dill, Caio Castro, entre
tantos outros, estão chegando, mas nós, os espectadores, precisamos de
tardes mais prazerosas em frente à TV. Que essa 20ª temporada de
'Malhação' venha para nos emocionar um pouco mais.